Sampaoli no Galo: a saga que a diretoria quer que dure pra caramba

Cê lembra da primeira vez que eu pisei no Mineirão, com a mão na mãe e o pai gritando “Vamo que vamo!”? Naquela época eu nem sabia que ia virar torcedor de eternidade. Agora 2025 o peito ainda bate forte quando o escudo preto‑branco aparece na TV mas a paciência tá no limite. O Sampaoli chegou com aquele sorriso de quem já viu mil jogos prometendo transformar o Galo num bicho de guerra. A diretoria toda pomposa falou de “trabalho longevo”. Não é só papo de reunião é um pedido de compromisso que parece mais contrato de namoro: “não me deixa na mão não me troca depois de três meses”.

Eu fico aqui tomando café frio que já deu a volta no copo tentando entender como a gente aceita esse “para sempre” sem olhar pros números. O time tem talento tem raça tem aquele medo de cair que ainda dói. Mas o Sampaoli tem jeito de colocar a bola onde a gente quer e a diretoria acha que isso basta pra garantir temporada após temporada. Eu já vi técnico que virou lenda mas também vi cara que saiu porque a pressão virou pedra no peito. Não tem nada de garantido só o cheiro de grama molhada e a esperança de que o próximo jogo seja melhor que o último

Nota 1 – Na última partida contra o Santos eu comprei um prato de tropeiro na barra do estádio. O cheiro de feijão farinha e carne de sol misturou com o perfume de vitória que nunca chegou. Ainda lembro do garçom rindo quando eu tentei pagar com duas moedas de 1 real ele me deu o troco e disse que o Galo precisava de “troco” nas vitórias também.

Sampaoli no Galo

➤ A diretoria quer eternidade mas a vida não espera

A diretoria do Atlético tem um plano que parece roteiro de novela: Sampaoli entra traz estilo ganha alguns jogos a torcida vibra a diretoria assina contrato de três anos e pronto tá feito. Eu já vi contrato de técnico durar menos que a fila do ônibus que me deixou na rua na sexta‑feira passada. Não tem nada de mágico só gente que quer estabilidade. Mas a estabilidade no futebol é um mito tipo acreditar que a marmita de ontem ainda tá boa hoje

O Sampaoli tem que lidar com pressão de quem quer ver o Galo no topo mas também com a realidade de lesões de jogadores que chegam cheios de egos e saem cansados. Ele tem que escolher entre dar chance ao jovem que ainda tem a camisa suja de treino ou colocar o veterano que já tem a cara marcada pelos gramados. Cada decisão vira manchete cada erro vira meme. O Sampaoli tem que colocar a cabeça no lugar e ainda ter espaço pra improvisar

Nota 2 – O ônibus que eu peguei pra chegar ao Mineirão atrasou 15 minutos porque o motorista parou pra comprar pão de queijo. Enquanto eu esperava ouvi um papo de técnico que dizia que a tecnologia de análise de desempenho já tá avançada mas ainda não dá pra prever se o jogador vai tropeçar na própria sombra. Curioso né?

Jorge Sampaoli

➤ O que a gente sente quando o “trabalho longevo” vira peso

Quando o Sampaoli fala de “trabalho longevo” eu sinto um peso nos ombros como se a camisa preta‑branca fosse feita de chumbo. Não é que eu queira que ele vá embora é que eu não aguento ver o mesmo discurso todo dia como aquele refrão que gruda na cabeça e não sai. A diretoria quer estabilidade eu quero emoção. Quero ver o Galo fazer gol de placa não só fazer plano de longo prazo. Quero sentir o coração disparar a cada chute não só a certeza de que o técnico vai ficar até o fim da década

O problema é que a gente vive numa época em que tudo é “maratona”. Até o torcedor tem que correr aguentar a maratona de jogos de notícias de redes sociais que não dão trégua. Quando o Sampaoli chega ele traz um novo ritmo mas a diretoria insiste em transformar isso num hábito. Eu fico aqui anotando cada detalhe lembrando do ingresso amassado do clássico contra o Cruzeiro e do cheiro de pipoca que ainda está na memória. Não sei se o futuro vai ser um filme de ação ou um documentário de paciência mas uma coisa eu sei o Galo merece mais que promessas de eternidade merece momentos que façam a gente gritar alto mesmo que o wi‑fi caia e o café esfrie

Nota 3 – Descobri que o estádio tem um sistema de iluminação que usa energia solar mas a luz ainda falha quando tem nuvem. A diretoria fala de futuro sustentável mas ainda não conseguiu manter a luz acesa nos treinos noturnos. É um detalhe que parece pequeno mas mostra como a tecnologia ainda tem muito caminho a percorrer no nosso futebol.

No fim das contas o que eu quero é ver o Galo jogar com alma ver o Sampaoli colocar a cabeça no lugar e ainda ter espaço pra improvisar. A diretoria pode sonhar com “trabalho longevo” mas a gente torcedor tem que viver o agora com a cerveja gelada o barulho da torcida e o som da bola batendo na rede. Se o Sampaoli conseguir transformar esse desejo em realidade vai ser festa. Se não a gente segue bebendo café frio reclamando do wi‑fi e esperando o próximo jogo como se fosse a última chance de fazer história. O Galo tem que ser mais que um plano tem que ser paixão que não tem prazo de validade.