Quando a gripe vira torcida: a final que eu quase dormi

Montei meu “campo de batalha” no canto da sala: cobertor felpudo, duas almofadas como se fossem traves e a TV ligada no canal que transmitia a partida ao vivo – Star+ às 21h (horário de Brasília). A internet, porém, decidiu que era hora de fazer o “drible da lentidão”. A cada lance importante a tela congelava como se fosse foto de grupo no WhatsApp. Fiquei irritada mas ao mesmo tempo, a pausa forçada deu tempo de saborear mais uma colher de mel no chá.

Quando o primeiro apito soou, já estava com a respiração curta mas o coração acelerado. Cruzeiro deu o pontapé inicial e eu, que nunca tinha visto um jogo feminino ao vivo, me sentia dentro do campo, como se a bola fosse minha. Cada drible das meninas parecia um flash de lembrança das vezes que eu e a Ana jogávamos “cobrinhas” na calçada da minha rua, usando meias como chuteiras improvisadas. Lembro da primeira vez que vi o Corinthians jogar, lá em 2012, na TV de tubo da minha avó. A tela era verde, a bola parecia um saco de arroz, mas eu já sabia que aquele time tinha algo de mágico. Agora, 13 anos depois, eu via o mesmo escudo na tela, mas com a energia de um estádio inteiro.

Cruzeiro 1 x 2 Palmeiras

➤ A emoção que não cabe no peito

O primeiro gol veio do Cruzeiro num chute de fora da área que pareceu ter sido tirado de filme de ação. Eu quase pulei do sofá, mas o cobertor me segurou. “Tava quase caindo”, gritei para a câmera do celular, que eu tinha ligado para registrar (e também para postar depois). O lance foi tão inesperado que eu fui parar aplaudindo como se estivesse na arquibancada enquanto o streaming travava de novo e eu só via a imagem congelada do gol. Foi como se o mundo tivesse parado, só pra deixar eu saborear aquele momento.

Corinthians respondeu com um contra‑ataque rápido, a atacante fez um drible que lembrava a volta de bola que eu aprendi a fazer na quadra da escola. O gol foi comemorado com a mascote do Corinthians, o “Marronzinho”, que apareceu na tela fazendo dancinha. Curiosidade: a mascote tem um pequeno compartimento secreto onde guardam um mini‑sorvete de baunilha pra dar a crianças nos estádios. Eu ri sozinho, pensando que se eu tivesse um desses, poderia me curar da gripe com sorvete de baunilha.

A partida seguiu como um filme de suspense. A cada jogada eu sentia a tosse subir, mas a adrenalina mantinha a respiração sob controle. Quando o placar ficou 2 a 2 eu já estava quase dormindo, mas o medo de perder o último minuto me fez abrir a janela e respirar ar frio. Aí, no último minuto, o Cruzeiro marcou o gol da vitória. A bola bateu na trave e entrou, como se fosse o último ponto de um jogo de basquete que eu jogava com a minha avó. O som da torcida na TV era tão alto que eu quase ouvi o coração batendo no peito das jogadoras.

Notas de sobrevivência pra quem quer sentir a mesma vibe

  • Dica de lanche: Enquanto o jogo rola, vá preparando pipoca com manteiga de amendoim. A mistura dá energia e ainda faz a boca ficar feliz, perfeito pra quem tá com a garganta irritada.
  • Detalhe engraçado da mascote: O Marronzinho tem um pequeno sino dentro da cauda que toca toda vez que o time marca. Se você assistir de casa pode ouvir o “ding” no áudio, mas só se o volume estiver alto.
  • Curiosidade do estádio: O Mineirão, onde a final foi realizada, tem um corredor secreto usado pelos jogadores pra entrar no campo sem passar pelos portões principais. Dizem que o corredor foi construído na década de 50, quando o estádio ainda era só terra e cimento.
trofeu-brasileiro-feminino

➤ A sensação de estar dentro do jogo

Mesmo deitada com o cobertor puxado até o queixo, eu senti o cheiro de grama, o barulho da torcida, o calor dos jogadores correndo. Não tem como explicar, mas parece que eu estava ali, correndo ao lado da atacante do Corinthians tentando alcançar a bola com a mesma velocidade que eu corria atrás do ônibus na infância. Cada passe era como um flash de memória: a primeira vez que driblei uma colega na rua, o primeiro gol que marquei na escolinha, a primeira vez que vi a camisa do Cruzeiro e a coloquei na sacola de compras.

Na hora do pós‑jogo eu ainda estava com a garganta inflamada, mas o coração batia como se tivesse acabado de fazer um treino de 5 km. As meninas do Cruzeiro levantaram a taça e eu levantei o copo de chá como se fosse troféu. Não consegui segurar as lágrimas, nem de alegria nem de dor, mas no fim tudo se misturou num sabor estranho que só quem ama futebol feminino entende.

➤ Onde assistir e quando marcar no calendário

Se ainda não viu a partida, confira o replay no Star+; a final começou às 21h (horário de Brasília) e durou quase duas horas, com intervalo pra anúncios de produtos de limpeza que eu nem lembro. O link direto costuma aparecer na página principal da plataforma, então dá uma olhada lá. Se quiser sentir a mesma energia, ligue o som alto, pegue um cobertor e, se a gripe ainda estiver de passagem, prepare um chá forte.

Essa noite ficou marcada como a primeira vez que eu “joguei” uma final de campeonato sem sair do sofá. A gripe tentou me derrubar, o streaming tentou me frustrar, mas a paixão pelo futebol feminino fez tudo valer a pena. Ainda sinto o eco dos gritos das torcedoras na minha cabeça, como se fossem músicas de festa de aniversário que a gente ouve no fundo da rua. E, se você ainda não tem o habito de assistir ao vivo, dá uma chance. A emoção é real, o drama é intenso, e a sensação de estar dentro do campo… ah, essa não tem preço.

Até a próxima com mais histórias de pelada, chuteiras improvisadas e quem sabe outra final que me faça esquecer a tosse por um tempo.