Lucho, a venda que mexeu até o meu coração de Bahia

Cara, acordei hoje com a notícia batendo na tela do celular como se fosse aquele grito da torcida na Fonte Nova: o Bahia acabou de fechar a venda do Lucho Rodríguez pro clube da Arábia Saudita. Não é só mais um negócio, é tipo um marco, um recorde que até o tio do boteco já tá falando de “quando a gente viu o preço subir mais que o preço da gasolina”. Eu tô aqui digitando rapidinho sem filtro porque tem tanta coisa pra dizer que parece que a cabeça tá num jogo de futebol de 90 minutos sem intervalo

Primeiro, deixa eu contar como eu vi Lucho subir de nível. Eu era moleque corria atrás da bola na rua debaixo da ponte da Barra, o sol pegando a pele e o meu pai me levava todo sábado pra ver o Bahia jogar na Fonte Nova. Eu lembro de estar com a camisa 10, mas não era o Lucho ainda, era o cara que eu achava que era o rei do drible. Até que um dia na partida contra o Vitória Lucho entrou no segundo tempo fez aquele gol de placa e a gente foi ao céu. Eu gritei tão alto que a mãe do lado me xingou mas eu nem liguei. Foi ali que meu coração deu o primeiro “tá na hora”.

Agora 2025, o Bahia decidiu vender o cara por um valor que nem o presidente da federação consegue pronunciar direito. Eles disseram “recorde no Nordeste” e eu pensei “recorde? Só se for de quanto a gente chora”. Mas tem que admitir a grana vai ajudar o clube a trazer novos talentos talvez uns caras que joguem tanto quanto o Lucho mas ainda não tem a mesma história de vida. E eu fico aqui meio orgulhoso meio triste como quem vê o filho crescer e sair de casa

Luciano Rodríguez

➤ Memórias de bola na areia

Eu lembro de um dia quando eu tinha uns 12 anos que o Lucho fez um gol de falta que acabou virando lenda na minha cabeça. A gente tava jogando na praia de Itapuã a areia grudando nos tênis o sol escaldando e eu todo empolgado tentei imitar o chute. O resultado? O pé saiu pra trás a bola foi direto pro mar e eu caí de cara na água. Enquanto eu tentava me levantar ouvi do fundo da praia um velho pescador gritar “cuidado com a maré moleque!”. A gente riu mas a história ficou. Quando o Lucho saiu da Fonte Nova lembrei desse gol que nunca aconteceu mas que ficou na minha memória como se fosse real

E tem outra coisa eu tava assistindo ao jogo da venda do Lucho e de repente a minha avó apareceu na cozinha cheirando aquele acarajé que ela faz toda sexta-feira. O cheiro era tão forte que eu quase esqueci da notícia. Ela me deu um pedaço disse “toma filho pra não ficar só de notícia”. Eu mordi e o sabor me trouxe de volta a infância quando eu corria pro mercado com a mãe comprava um coco gelado e a gente sentava na calçada pra assistir o Bahia jogar na TV de tubo. Aquela combinação de notícia e comida me fez perceber como a vida é feita de momentos pequenos que às vezes são mais marcantes que qualquer contrato milionário

Futebol Nacional

➤ E a comida que salvou meu dia

Falando em comida tem um truque que aprendi com o meu tio o cozinheiro do bar da esquina que não tem nada a ver com futebol mas que salva o dia quando a ansiedade bate depois de uma notícia pesada: comer um prato de feijoada com arroz de brócolis. Parece louco eu sei mas o tio jurava que o brócolis dá energia e ainda deixa a gente mais focado. Eu fiz isso ontem enquanto lia a matéria sobre a venda do Lucho e a combinação me fez sentir que tudo tem um jeito de se encaixar mesmo que a gente não entenda ainda

Eu lembro de outra situação quando eu era adolescente a gente fazia um campeonato improvisado no campinho da escola. Eu era atacante Lucho ainda nem existia mas a gente tinha um cara chamado Zé que era o “coração da equipe”. Ele sempre trazia um sanduíche de carne de sol e queijo coalho pra dividir depois do treino. Um dia ele esqueceu o sanduíche e eu sem pensar ofereci meu pão de queijo. Ele ficou tão agradecido que depois marcou um gol que virou o placar da partida. Essa história me vem na cabeça toda vez que vejo um jogador ser vendido por milhões tem sempre um detalhe bobo que faz a diferença

A verdade é que eu tô aqui digitando como se fosse um comentário no grupo da família com emojis que nem sei se devo colocar. Mas tem algo que não dá pra negar Lucho vai pra longe vai jogar num clima que eu nunca experimentei vai sentir o calor do deserto vai comer comida que eu nem sei pronunciar. E eu aqui em Salvador vou continuar torcendo lembrando das tardes na Fonte Nova dos gritos da torcida dos churrascos na casa do pai das noites de festa no Pelourinho

Se tem uma coisa que aprendi com o futebol a vida não tem roteiro a gente vai de um canto pro outro às vezes sem saber o que vem depois. Quando o Lucho fechar a conta na Arábia Saudita vai ser só mais um capítulo mas pra gente que acompanha o Bahia esse capítulo tem cheiro de mar de acarajé de feijoada com brócolis de memórias que não cabem num contrato

Então bora celebrar torcer comer lembrar se perder nas histórias que a gente conta pra si mesmo. Porque no fim das contas a gente é só um monte de gente que ama o futebol ama a comida ama as lembranças que se misturam com notícias de última hora. E se o Lucho voltar um dia quem sabe a gente ainda tem um lugar na arquibancada pra ele com um prato de acarajé na mão e o coração batendo forte como se fosse a primeira partida na Fonte Nova

Valeu Lucho e boa viagem meu irmão. E pra gente aqui que a vida continue cheia de gols inesperados de comidas estranhas e de memórias que não param de aparecer quando a gente menos espera

(Desculpa se o texto ficou meio bagunçado tô aqui com a garrafa de água vazia o celular aquecido e a cabeça cheia de lembranças mas é isso tamo junto)