Cheguei ao Ninho de Meninos às oito e meia ainda com a mão tremendo de frio. O campo já tinha aquele cheiro de grama molhada misturado com o perfume de suor dos jogadores que já tinham chegado. Quando o técnico gritou “Jorginho, vem pra cá”, o coração deu um salto. O cara, que passou duas temporadas no Ceará e ainda tem aquele corte de cabelo que parece ter sido feito por um barbeiro de 1998, apareceu correndo com a camisa 25 já pendurada na mochila.
Ele fez uns toques de bola que lembraram a primeira vez que vi o Gabigol marcar um gol de bicicleta – aquele arrepio que só o futebol do Mengão dá. Enquanto ele driblava notei um detalhe estranho: um desenvolvedor da equipe de TI tinha deixado um post-it amarelo no banco do reserva escrito “Não esquecer de atualizar o firmware da rede”. Só eu percebi mas achei que fosse alguma piada interna. O cara até fez um passe pra um zagueiro que parecia estar praticando yoga, porque ele ficou de pé numa perna só, como se fosse um monge zen tentando equilibrar a defesa.
A torcida que estava nas arquibancadas improvisou um canto de “Vai, Jorginho!” que ecoou até a rua ao lado, onde um vendedor de churros gritou “Mais um gente!”. O clima tava tão quente que o termômetro do campo marcava 28°C mas o vento soprava leve trazendo o cheiro de café do bar do lado, onde o velho Zé já estava reclamando da conta de luz. Eu, com a xícara ainda quente na mão não conseguia parar de pensar como seria ver o Jorginho jogando de verdade na primeira rodada contra o Juventude.
➤ Bizarro mas real: momentos que só quem acompanha de perto entende
Durante o aquecimento, o mascote do Flamengo, o Nego, decidiu fazer um número de “breakdance” bem na frente da área técnica. Ele acabou tropeçando num saco de bolas e caiu de bunda mas levantou rapidinho como se nada tivesse acontecido. O técnico riu mas depois deu um grito de “Foco!” que fez todo mundo se recompor. Foi aí que percebi que o juiz de linha já estava no campo ajeitando a bandeirinha e ainda deu um cartão amarelo pro técnico por “excesso de gesticulação”. Claro que isso não faz sentido mas a galera do bar jurou que viu o cartão.
Em outro momento, o fisioterapeuta do time trouxe um cachorro de terapia pra animar o grupo. O animal, um vira-lata marrom, subiu no banco de reservas e começou a latir pra um jogador que estava fazendo alongamento. O cara ficou tão assustado que soltou a bola, que rolou direto pro meio do campo quase acertando o goleiro adversário que ainda nem tinha chegado. Foi um daqueles episódios que você conta pro amigo e ele pensa que você inventou mas quem tava lá jura que foi real.
➤ Contando os dias pro duelo contra o Juventude
Depois do treino voltei pro meu canto no sofá ainda com a torrada que agora estava mais preta que o uniforme da rival. Liguei o computador mas a internet ainda carregava a página do Flamengo devagar. Enquanto isso, fui mexendo no Reddit escrevendo aquele post sobre o “Jorginho inesperado”. Coloquei uns emojis fiz umas piadinhas sobre o “Jorginho, o novo Zico 2.0” e deixei um spoiler de que o técnico pode mudar a formação pra 4‑3‑3 mesmo sem ter anunciado nada ainda.
A expectativa tá lá em cima. O Juventude vem com aquele time que costuma jogar na defensiva mas o Mengão tem a força de vontade que a gente conhece. Se o Jorginho conseguir entrar nos 90 minutos pode ser a surpresa que falta pra gente quebrar a sequência de empates que tivemos nas últimas semanas. Eu já tô pensando no churrasco que a galera vai fazer depois da vitória com aquele feijão tropeiro que a tia da vizinha faz e na cerveja gelada que vai rolar no bar do Zé.
Enquanto a chuva continua batendo na janela sinto o cheirinho de café forte e o som da TV anunciando “Jorginho treina no campo e vira reforço para o Flamengo contra o Juventude”. É isso aí torcedor de coração pronto pra gritar pra reclamar da internet lenta e pra torcer até o último segundo. Que o Jorginho mostre que tem sangue rubro‑negro nas veias e que a gente de volta ao sofá possa celebrar mais uma vitória do nosso Mengão. Vamos nessa!
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